segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Archer e suas placas úmidas


A dificuldade em usar o vidro como base no negativo era de se encontrar algo que contivesse, numa massa uniforme, os sais de prata sensíveis à luz, para que não se dissolvessem durante a revelação.
Abel Niépce da Saint-Victor, primo de Nicéphore Niépce (1805-1870), descobriu em 1847 que a clara de ovo, ou a albumina, era uma solução adequada, no caso do iodeto de prata. Uma placa de vidro era coberta com clara de ovo, sensibilizada com iodeto de potássio, submetida a uma solução ácida de nitrato de prata, revelada com ácido gálico e finalmente fixadas com tiossulfato de sódio.
O método da albumina, proporcionava uma grande precisão de detalhes, mas requeriam uma exposição de 15 minutos aproximadamente. Sua preparação era bastante complexa e as placas podiam ser guardadas durante 15 dias.
O ano de 1851 foi muito significativo para a fotografia. Na França morre Daguerre. Na Grã Bretanha, como fruto da revolução industrial, é organizada a "Grande Exposição", apresentando os últimos modelos produzidos. Um invento que em pouco tempo chegou a suplantar todos os métodos existentes, foi o processo do "colódio úmido", de Frederick Scott Archer, publicado no "The Chemist" em seu número de março. Este obscuro escultor londrino, com grande interesse pela fotografia, não estava satisfeito com a qualidade das imagens, deterioradas pela textura fibrosa dos papéis negativos, e sugeriu uma mistura de algodão de pólvora com álcool e éter, chamada colódio, como meio de unir os sais de prata nas placas de vidro.

O processo se consistia em:
Espalhar cuidadosamente o colódio com iodeto de potássio sobre o vidro, escorrendo o excesso, até formar uma superfície uniforme.
No quarto escuro, com somente uma fraca luz alaranjada, a placa era submetida a um banho de nitrato de prata.
A placa era exposta na câmera escura ainda úmida, porque a sensibilidade diminuia rapidamente à medida que o colódio secava. O tempo médio de exposição à luz do sol era de 30 segundos.
Antes que o éter, que se evapora rapidamente secasse, tornando-se impermeável, revelava-se com ácido pirogálico ou com sulfato ferroso.
A fixagem era feita com tiossulfato de sódio ou com cianeto de potássio (venenoso), para finalmente lavar bem o negativo.
O colódio, além de muito transparente, permitia uma concentração maior de sais de prata, fazendo com que as placas fossem 10 vezes mais sensíveis que as de albumina. Seu único inconveniente era a necessidade de sensibilizar, expor e revelar a chapa num curto espaço de tempo. Como Ascher não teve interesse em patentear o seu processo, morreu na miséria e quase desconhecido; os fotógrafos ingleses podiam praticar livremente, pela primeira vez, a fotografia.
Talbot acreditando que sua patente cobria o processo colódio, levou ao juiz um fotografo que utilizava o processo de placa úmida em Oxford Street. O juiz pôs em dúvida o direito de Talbot reclamar a invenção do colódio e os jurados decidiram que este não infringia sua patente. Então a fotografia estava livre, além de que a patente de Daguerre havia expirado em 1853.
A fotografia agora tinha condições de crescer em popularidade e em quantidade de aplicações do colódio, que durou 30 anos. O número de retratistas aumentou consideravelmente, pessoas de todas as classes sociais desejavam retratos e, se estendeu o uso de uma adaptação barata do processo colódio chamada Ambrotipo.


 Foto tirada por Archer usando o negativo de colódio úmido



Torre da corte de Caesar, vista interna, 1850, Frederick Scott Archer

3 comentários:

  1. Bárbara, vamos divulgar este blog!Adorei.
    Grata pela deferência. Um abraço
    Marcela Tokiwa

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  2. Marcela! Que saudade!
    Fico feliz que tenha gostado! *-*
    Não sei muuito bem onde e como divulga-lo. Mas vou tentar fazer isso sim. :)
    Tenho um blog e um Flickr onde posto minhas fotografias, ficaria feliz se você desse uma olhada: http://barbara-motta.blogspot.com.br/ e http://www.flickr.com/photos/barbara_motta/
    Beijão.

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