quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DAGUERREOTIPIA - A fotografia começa a caminhar no tempo


Foi através dos irmãos Chevalier, famosos óticos de paris, que Niépce entrou em contato com outro entusiasta, que procurava obter imagens impressionadas quimicamente: Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Este, durante alguns anos, causara sensação em Paris com o seu "diorama", um espetáculo composto de enormes painéis translúcidos, pintados por intermédio da câmera escura, que produziam efeitos visuais (fusão, tridimensionalidade) através de iluminação controlada no verso destes painéis.
Niépce e Daguerre durante algum tempo mantiveram correspondência sobre seus trabalhos. Em 1829 firmaram uma sociedade com o propósito de aperfeiçoar a heliografia, compartilhando seus conhecimentos secretos.
A sociedade não deu certo. Daguerre, ao perceber as grandes limitações do betume da Judéia, decidiu prosseguir sozinho nas pesquisas com a prata halógena. Suas experiências consistiam em expor, na câmera escura, placas de cobre recobertas com prata polida e sensibilizadas sobre o vapor de iodo, formando uma capa de iodeto de prata sensível à luz.
Dois anos após a morte de Niépce, Daguerre descobriu que uma imagem quase invisível, latente, podia-se revelar com o vapor de mercúrio, reduzindo-se, assim, de horas para minutos o tempo de exposição. Conta a história que uma noite Daguerre guardou uma placa sub-exposta dentro de um armário, onde havia um termômetro de mercúrio que havia se quebrado. Ao amanhecer, abrindo o armário, Daguerre constatou que a placa havia adquirido uma imagem de densidade bastante satisfatória, tornara-se visível. Em todas as áreas atingidas pela luz, o mercúrio criara um amálgama de grande brilho, formando as áreas claras da imagem. Após a revelação, agora controlada, Daguerre submetia a placa com a imagem a um banho fixador, para dissolver os halogenetos de prata não revelados, formando as áreas escuras da imagem. Inicialmente foi usado o sal de cozinha, o cloreto de sódio, como elemento fixador, sendo substituído posteriormente por tiossulfato de sódio (hypo) que garantia maior durabilidade à imagem. Este processo foi batizado com o nome de Daguerreotipia.


Esta é a imagem que Daguerre considerava seu primeiro daguerreótipo bem-sucedido.

Em 7 de janeiro de 1839 Daguerre divulgou o seu processo e em 19 de agosto do mesmo ano, na Academia de Ciencias de Paris, tornou o processo acessível ao público. Daguerre também era pintor decorador, e inventou o DIORAMA, um teatro de efeitos de luz de velas.


Em poucos meses Daguerreotipos já estavam sendo realizados na Europa, América e nos mais recônditos lugares do mundo.
A grande popularidade da qual gozou a Daguerreotipia foi o resultado deste ser o primeiro processo  prático de fotografar. As imagens eram de um detalhe e perfeição surpreendentes. Mesmo assim, devido às dificuldades do processo já mencionadas, os primeiros Daguerreotipos sofriam de severas limitações temáticas (eram de prédios, monumentos, natureza mortas e cenas de rua). O retrato era particularmente difícil de executar devido ao fato que os tempos de  exposição eram  muito longos (em excesso de 30 a 45 minutos). Isto requeria uma tremenda paciência por parte dos modelos que precisavam se manter perfeitamente imóveis, frequentemente sustentados por  armações de ferro durante os longos tempos de exposição. É por isto que em algumas das daguerreotipias mais antigas não se pode distinguir se a pessoa retratada está de olhos abertos ou não. Estes tempos de exposição foram rápida e progressivamente sendo reduzidos na medida em que a técnica ia sendo aperfeiçoada.  Em menos de  um ano, Godard em Londres, anunciou uma técnica muito mais rápida.Até 1841, o tempo de exposição de uma Daguerreotipia já haviasido reduzido para dez ou quinze segundos!
Diga-se de passagem que uma Daguerreotipia  era essencialmente uma gravura ou melhor uma fotogravura . Cada imagem era uma só chapa de cobre e prata, produzida por um processo bastante lento e caro.  Não havia nesse momento um meio prático de fazer cópias de uma Daguerreotipia. Quem quisesse dois retratos teria que posar igual número de vezes.  Também não era possível a esta altura imprimir uma fotografia numa revista ou num jornal. Os meios de imprensa dependiam ainda do trabalho de desenhistas e gravuristas para ilustrar as suas publicações.


Alguns Daguerreotipos:


 O eclipse solar de 28 de julho de 1851 é a primeira fotografia com a exposição correta de um eclipse solar, utilizando o processo de daguerreotipia.



-L.J.M Daguerre, "Fossils and Shells"
daguerreotype,1839, Musee' National des Techniques C.N.A.M., Paris


-L.J.M Daguerre, "The Louvre from the Left Bank of the Seine"
daguerreotype,1839, Musee' National des Techniques C.N.A.M., Paris





-L.J.M Daguerre, "View of the Boulevard du Temple"
daguerreotype, Paris, 1839, Stadtmuseum, Munich




Fotografia tirada por Daguerre

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